Re:Zero, a epopeia da bipolaridade


Não foi uma postagem fácil, e me preocupa só de pensar em como será a recepção da opinião lol.

Re:ゼロから始める異世界生活
terá algo diferente, onde não irei me aprofundar nos seguintes quesitos: Enredo, visual, ou outros pontos que tantas análises focam. Não estou dizendo que outras análises estarão erradas, pelo contrário. Mas, como a internet será impetrada por fãs atrás de críticas, acredito que acabaria sendo simplesmente mais uma resenha de mesmo cunho. E, por isso, este artigo será levemente “diferente”. Será preciso um pouco de concentração para ler e, possivelmente, um olhar mais crítico sobre o que Natsuki Subaru realmente representa, já que, em primeiro lugar, não sou hater de Subaru, não sou fanboy de Emilia e muito menos sou defensor do amor de Rem.

Se há um foco para se ter ao analisar Re:Zero, esse do meu ponto de vista tem de ser Natsuki Subaru. Um adolescente humano comum, que em sua vida não possui traumas, apreensões, sofrimentos, nem nada do tipo. Alguém com uma vida simplesmente normal, mas sem namorada, aficionado por jogos e com um olhar de quem não está nem aí para o mundo em que vive.


Vamos ser bem sinceros, Subaru é um ser comum. Tão comum, que não é besteira dizer que ele é um dos personagens mais realísticos da industria dos animes neste nicho de "ida ao outro mundo". Afinal, muitas pessoas vestem sua “pele” de vida sem problemas e simplesmente seguem o fluxo do cotidiano. Enfim, Subaru não é nada melhor (e talvez até mesmo seja pior) do que eu, você ou outras pessoas “comuns” que conheça.

Mas ao entrar em um mundo de fantasia, Subaru é tomado pela premissa de paradigmas de sua desleixada, e básica, vida. Jogos, animes, fantasia, heróis... Subaru, agora neste mundo, acredita que chegou sua hora. Que se não estiver delirando, agora ele será a engrenagem principal a qual fará o mundo girar... Ou talvez não seja o que é apresentado a ele.
Re:Zero nos apresenta um personagem medíocre, com conhecimento básico da vida que um adolescente comum teria. Não possui habilidades especiais que o destacariam em uma multidão, tampouco sabe os reais sofrimentos da vida. Mas, ainda assim, o ser humano é complexo e incrivelmente absoluto.
Só de pensar em mudar sua dieta, já poderia fazer você, leitor, se sentir mais confiante; Só de pensar em conhecer pessoas novas, já te deixaria nervoso; Só de poder viver outra vida, já te deixaria mais “animado”. Subaru, como reles ser humano comum, também julga assim, então, para ele, nada melhor e mais perfeito do que um mundo de fantasias. Mesmo que este mundo não lhe seja familiar, seu senso básico toma partido, permitindo-lhe raciocínios básicos e a coleta de informação deste ambiente estranho.

Mas e quando o mundo de fantasia nem sempre são flores? Quando você, mesmo com uma oportunidade indiscutivelmente rara, ainda é um ser humano comum, miserável e impotente? Nada bom. Não acredita? A própria psicologia considera que o ser humano tende a preferir acreditar que ele mesmo faz seu próprio destino e que ele é o senhor de seus atos. O que isso remete? Que você, mais do que ninguém, acreditará ser capaz. E Subaru foi feito para não ser diferente, deixando uma parcela do público realmente incomodada com tamanha impotência.
O problema é, o que fazer quando a lógica de que você seria capaz, falha? Você se apega a aquilo que possa lhe trazer conforto, confiança e, acima de tudo, segurança. E para Subaru, isto é colocado como uma personagem. Emilia.


Prestativa, gentil e com um olhar ao próximo, é a personagem perfeita para encontrar Subaru. Pois, em um mundo diferente, que se mostra hostil em primeiro lugar, a única coisa que pode lhe atrair “humanamente” é a generosidade de outro. Ainda mais quando você é capaz de ver que esta generosidade parte da pura e boa índole, não por um motivo vil.
Mas Re:Zero não se trata apenas de um personagem comum que encontra alguém generoso... Trata-se, acima de tudo, do sofrimento alheio à evolução. Do quanto é possível alguém sofrer, debater-se, e afogar-se em suas próprias lágrimas e desejos enquanto precisa seguir seu caminho.
Com os primeiros quase 30 minutos de obra visual, você se depara com o primeiro drama da obra, e, obviamente, de qualquer ser humano. A miserável, e própria, morte. Acabou. Fim. “THE END”.


... Ou não, quando você vê que o personagem encontra-se a salvo, e que a situação remete a nada mais do que um sonho. Esta é a simples conclusão que o personagem Subaru poderia chegar, e quem sabe até o telespectador. Mas, algo não estava totalmente certo, algo parecia estranho... mas o quê seria? Seria realmente um sonho? A situação diante de seus olhos seria um simples déjà vu?
Você, leitor, já passou por uma situação em que jurava que ela já havia acontecido? É uma das situações mais bizarras, e ditas por uma fração de cientistas, ocorrida por razões de stress. Outra fração, diz que o cérebro desenvolve a capacidade de acessar memórias “passadas” ao mesmo tempo em que acessa as memórias “em tempo real”, e isso acaba criando um distúrbio de informações. Seja como for, normalmente será uma cena de meros segundos de um minuto.
Mas Subaru não saberia que na verdade, estaria agora em uma real volta temporal, coisa que você, telespectador do anime, talvez já havia concluído. Mas, você, leitor deste artigo, consegue realmente dizer que agiria normalmente e entenderia que é uma volta no tempo, estando exatamente naquela situação? Sinto, mas eu não. E, possivelmente, nem ninguém com um pingo de lógica e sanidade mental.
Sendo assim, qual a atitude mais lógica que Subaru tem? Recapitular momentos e lembrar-se de sua última cena, em conjunto de sua salvadora, sofrendo algo que a maior parte dos seres humanos não gostaria de presenciar. Dúvidas e incertezas são o máximo que se pode prever ao se voltar no tempo sem conhecimento disso (“o máximo que”, pois ninguém fica lá, todos os dias, voltando no tempo para nos contar...), e assim, Subaru revivência acontecimentos sem entender realmente o que está acontecendo. Até que, enfim, novamente é brindado com uma carnificina da qual não gostaria estar envolto, e terminando por, novamente, morrer. Mas eis que o mundo em que Subaru agora está é traiçoeiro, ou abençoado, visto que Subaru, mais uma vez, está vivo... E perdido mentalmente. Mas, toda sua confusão estaria por piorar, pois eis que sua gentil salvadora, agora não é mais ninguém que uma desconhecida. Uma página de outro livro, de outra história, demonstrando-lhe que este mundo está ali para lhe permitir voltar à vida “do zero”.


E assim, é Re:Zero, a história de um personagem comum, enviado a um mundo alternativo em que ele continuará a ser alguém comum, mas que, estranhamente, poderá recomeçar para corrigir suas mortes.

Com uma animação de 25 episódios, com alguns tomados pela animação, descartando espaços de abertura e encerramento, e outros até mesmo tendo mais duração que o comum, o anime brinda o telespectador com a constante luta interna de ver Subaru errar e acertar em sua reles vida de viés.
Com percas, mortes, sofrimento, tanto físico quanto mental, a obra testa os limites do que cada perca pode acarretar em uma pessoa, levando o personagem da sanidade ao abismo psicológico... Dando-lhe o direito de descartar premissas e revogá-las como se fossem simples implicações mortais. Subaru torna-se frágil, solitário, irracional, ilógico, arrogante e, principalmente, desesperado. Tanto que até mesmo seu maior sentimento, seu amor, consegue ser transformado em arma para despedaçar sua frágil imagem, pois, apesar de seus vários retornos culminarem em conhecimento para ele, e tristeza, aos outros, isto nada mais é do que nada... Algo inexistente.
Mas, como tudo na natureza nos deixa claro, o ser humano também é uma criatura formidável, capaz de ser moldada conforme a base que lhe fomenta... que lhe estimula. E assim, Subaru só demonstra real crescimento, quando alguém realmente o estimula a isso. E para todo Dom Quixote, sempre existirá seu Sancho Pança. Para todo Subaru, sempre existirá uma Rem. Não trazendo simples palavras, mas sim a base psicológica que Subaru aguardava receber não de hoje, mas de tanto tempo.



Um triângulo de amor platônico, formado por admirações, tão sólido, que nem mesmo uma declaração o pode quebrar, mostrando que apesar de tudo, em meio ao amor, ainda há a possibilidade de haver o respeito mútuo.



"As pessoas mais solitárias são as mais gentis. As pessoas mais tristes possuem os sorrisos mais brilhantes. As pessoas mais devastadas são as mais sábias. Tudo isso porque elas não querem ver ninguém sofrer da maneira que elas sofrem."
Quando vi esta citação, tive certeza de que ela deveria estar aqui. Ela nasceu pra isso :P.

E, mesmo com tantas idas e vindas, mortes e ressurreições, arrependimentos e tristezas, nosso maior herói as avessas finalmente chega a conclusão mais óbvia, mas que muitos preferem ignorar e simplesmente escarnar por conta do que já havia sido apresentado... Que muitos preferem não relacionar e aceitar que possa mudar!
Desemaranhar sentimentos e expor seus equívocos, liderando-os ao próprio entendimento de suas ações, é o que faz Subaru mais uma vez mostrar que no final, ele é um simples humano que acerta, erra, comete equívocos e, ainda assim, sempre terá a capacidade de poder reconhecê-los e evoluir, mesmo que isso lhe custe “muitas vidas” e a antipatia dos telespectadores.
Sério que alguns conseguem não gostar desta reflexão final?
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Como conclusão, mesmo tendo começado a escrever este texto sem pretender falar sobre isso, digo que durante o anime existem sim alguns furos de enredo, que são complementados com o passar da obra, e outros que são “furos de conteúdo”, já que são explicados em material futuro, por isso, não os considero como problemas e não posso pisar na obra por conta disto, pois outras obras que tantos consideram “supremas” também possuem essa infinidade de problemas. Isso é o significado de adaptar um material “sem fim”. Mas, ainda assim, não posso fingir que o anime não os deixou, e que alguns não precisavam ser adicionados de forma tão clara, servindo somente de base para alguns reclamarem. Além disso, alguns acontecimentos ficaram atrapalhados, tendo pouca explicação e, em alguns casos, a critério de grande atenção do telespectador, que acabava tendo que colocar toda sua força para juntar os pedaços que a história havia deixado, gerando até mesmo vários comentários de pessoas que não entenderam acontecimentos básicos durante os episódios. Apesar destes fatos, a trama é boa e o final do anime é sólido e bem colocado.
Se há algo que posso comentar sobre reações ao anime, é que apesar de todos os rages que o episódio final proporcionou aos leitores de spoilers/resumos, o final de Re:Zero consegue ser extremamente agradável, fechando uma lacuna criada já a muito tempo por Subaru ao ser tomado por prepotência e falta de discernimento do certo e errado proporcionados pelas suas inúmeras experiências de “retorno”. Não me venha nos comentários dizendo que “cortaram certa cena ao final”. Não faria sentido apresentá-la. Somente corromperia a qualidade do final, e, ainda por cima... A cena não foi “cortada”, visto que ela se passa em um momento PÓS este final no material... Se você leu spoilers/resumos, é possível sua confusão, ou de sua fonte, já que é um fato paralelo, mas leve o comentário de quem tem lido o material original existente até o momento... Não foi cortado nada sobre a tal calamitosa cena... Não é por o anime terminar, que ele obragatóriamente deveria terminar o arco, que, por sinal, ainda não acabou na light novel, então não diga que o final do arco é assim ou assado, pois a base do anime é a light novel, não a web novel. E reclamar de cenas alteradas é no mínimo sem nexo a este ponto, já que existem cenas levemente alteradas aqui e acolá pelos episódios em geral.
Caso queira saber sobre o que se trata a cena, clique no botão de spoiler ao final do artigo, mas eu realmente não vou ficar respondendo sobre isto.

Há de se contar também, que não há base sólida em material para lançar uma nova temporada, já que o material original é uma web novel que está em processo de adaptação para light novel, sendo este segundo a base do anime. Apesar disso, agora que o autor concluiu no auxílio do anime, talvez a light novel continue com seu ritmo acelerado de lançamentos, então talvez uma segunda temporada não fique tão distante, apesar de não tão perto... SE for lançada.
Sabemos que, no geral, não bastam vendas para isso acontecer e, por isso, um “cliffhanger/gancho/motivo para outra season/final triste” seria simplesmente perder a oportunidade de dar o desfecho a uma grande briga interna do personagem principal, e que a season merecia.

Quase ia esquecendo da nota, que é o que muitos gostam de cotar:

Animação: 8
Direção: 8.5
Roteiro: 9
Trilha Sonora: 9
Entretenimento: 10
Nota final: 9 + 0.5 para o final, personagens e o conjunto do material base. Ou seja:
Nota final: 9.5

Fechando o raciocínio, a obra tem trilha sonora muito boa, animação na média, fotografia excelente, e um enredo controverso, causando o famoso “8 ou 80”, pois muitos preferiam que a obra continuasse arriscando e outros, como eu, preferem ver um roteiro ser redondo, tendo começo, meio e fim... Enfim, uns vão amar, outros vão odiar.
Agora, cabe a você: "Qual será sua escolha?"

É possível que, dependendo da sua velocidade de internet, a página fique tendo uns "espasmos" (haha) por conta da quantia de gifs sendo carregadas aqui... :P


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